
Correios suspendem R$ 2,75 bilhões em pagamentos por falta de caixa
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos anunciou a suspensão do pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações financeiras como forma de preservar sua liquidez diante da pior crise enfrentada nos últimos anos. A informação consta em documentos internos divulgados em julho de 2025 e sinaliza uma situação crítica para a estatal.
Obrigações suspensas
O montante congelado envolve compromissos com fornecedores, tributos, repasses a planos de saúde, benefícios trabalhistas e contribuições previdenciárias. Veja a divisão:
- INSS Patronal: R$ 741 milhões
- Fornecedores: R$ 652 milhões
- Plano Postal Saúde: R$ 363 milhões
- Remessa Conforme (tributação de encomendas internacionais): R$ 271 milhões
- Vale-refeição/alimentação: R$ 238 milhões
- PIS/Cofins: R$ 208 milhões
- Postalis (fundo de pensão): R$ 138 milhões
- Franqueadas: R$ 135 milhões
Por que os pagamentos foram suspensos?
Segundo a direção dos Correios, a suspensão tem como objetivo evitar o colapso financeiro da empresa. O fluxo de caixa está comprometido após 11 trimestres consecutivos de prejuízo, com um rombo de R$ 1,7 bilhão apenas no 1º trimestre de 2025.
“A suspensão temporária das obrigações busca garantir o funcionamento mínimo da operação enquanto medidas de reestruturação são estudadas”, afirma o documento interno da estatal.
Causas da crise
A crise nos Correios foi agravada por vários fatores:
- Queda no volume de remessas internacionais após a “taxa das blusinhas”, que reduziu a demanda por entregas da Ásia.
- Perdas de receita de R$ 2,16 bilhões em 2024, segundo auditoria independente.
- Elevados custos operacionais e baixa modernização dos serviços.
- Prejuízo acumulado de mais de R$ 3,2 bilhões nos últimos dois anos.
Impactos da suspensão
A medida impacta diretamente:
- Credores e fornecedores, que podem interromper contratos e serviços.
- Funcionários e terceirizados, que aguardam benefícios como vale-alimentação.
- Planos de saúde e previdência (Postal Saúde e Postalis), que podem ter dificuldade de operação.
- Receita Federal, já que tributos como INSS e PIS/Cofins não estão sendo repassados.
O que dizem os Correios
A estatal informou que 53% do valor suspenso pode incorrer em multas e juros, mas garantiu que as operações seguem normalmente. Ainda assim, não descartou a possibilidade de renegociações com o governo federal e outras medidas emergenciais.
Perspectivas e saídas
Para reverter o cenário, os Correios devem adotar ações como:
- Corte de despesas e revisão de contratos.
- Renegociação de dívidas com a União.
- Modernização tecnológica e ampliação de parcerias privadas.
- Campanhas para reconquistar o mercado de encomendas e logística.
Conclusão
A suspensão de R$ 2,75 bilhões em pagamentos revela a fragilidade financeira dos Correios e exige atenção do governo e da sociedade. Sem ações urgentes, o risco de colapso operacional pode se tornar realidade.
Leia também:
- Crise nos Correios e a Taxa das Blusinhas
- Governo estuda socorro aos Correios
- Tributos em atraso: riscos para estatais
Veja também