
PL da Anistia: Tramitação Atualizada e Polêmica no Congresso Nacional
Publicado em: 4 de maio de 2025 | Por: Jornalizando
O que é o PL da Anistia?
O Projeto de Lei da Anistia propõe perdoar parte dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram os prédios do Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e Palácio do Planalto. A proposta se tornou um dos temas mais polarizadores da política recente.
Histórico e contexto da proposta
O PL foi apresentado por deputados da base bolsonarista no início de 2024. Desde então, passou por comissões da Câmara, mas sua tramitação se intensificou em abril de 2025, com articulação direta do ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares aliados.
O projeto tenta reeditar o espírito da Lei da Anistia de 1979, usada na época para encerrar o ciclo de perseguições da ditadura militar. Porém, especialistas destacam que as motivações de 2023 não têm paralelo com o contexto histórico daquela época.
Quem apoia e quem se opõe?
- A favor: Bancadas do PL, PP, Republicanos e parte do PSD.
- Contra: PT, PSOL, PDT, Rede, PSB e a maior parte do Senado.
- Neutros ou indecisos: MDB, União Brasil, federação PSDB-Cidadania.
“Uma anistia sem critérios pode institucionalizar a impunidade e estimular novos ataques à democracia.” — Ministra Cármen Lúcia (STF)
Tramitação na Câmara e pressões externas
O requerimento de urgência para votação do PL foi protocolado por deputados aliados ao ex-presidente. Há cerca de 1.300 requerimentos na fila, e a decisão de incluir ou não o projeto na pauta cabe ao presidente da Câmara, Hugo Motta.
Movimentos como a Coalizão em Defesa da Democracia e o Observatório das Liberdades Civis têm pressionado para que o projeto seja rejeitado. Um abaixo-assinado já ultrapassa 180 mil assinaturas contra a proposta.
Impacto político e eleitoral
A proposta tem potencial para impactar diretamente as eleições municipais de 2024 e as articulações para 2026. A anistia pode favorecer aliados de Bolsonaro, inclusive alguns pré-candidatos que hoje enfrentam inquéritos no STF ou no TSE.
Analistas veem a proposta como uma tentativa de reabilitação política de líderes da extrema-direita, abrindo caminho para retorno de figuras inelegíveis ao cenário político.
Possíveis desdobramentos no Senado
Mesmo que o PL avance na Câmara, sua aprovação no Senado é incerta. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre (União-AP), já sinalizou resistência ao texto original, mas pode aceitar uma versão atenuada.
Essa versão excluiria os réus condenados por liderança de atos violentos, incluindo militares reformados e civis ligados a organizações golpistas.
Conclusão: o Brasil diante de um novo teste democrático
A tramitação do PL da Anistia será um termômetro da maturidade institucional do país. O Congresso terá de decidir entre buscar estabilidade política com riscos de impunidade ou reafirmar os limites democráticos diante de crimes graves contra o Estado de Direito.
Independentemente do resultado, o debate em torno da anistia reacende discussões sobre justiça, memória e responsabilidade em tempos de polarização.